quinta-feira, 2 de abril de 2009

Não chega

Não chega

Após a ocupação de Belas Artes e os protestos realizados em frente à Reitoria, esta anunciou, pela voz da vice-reitora Maria de Lurdes Correia Fernandes, um “fundo de apoio extraordinário para acorrer aos estudantes que se encontram em situação de fragilidade”. A Reitoria já reconhece o que todos sabemos. A situação no ensino superior é grave. As propinas, além de injustas, tornam-se incomportáveis. A acção social é totalmente insuficiente. Bolonha tem significado um ensino mais mercantil e mais caro. As Faculdades – a de Belas Artes como tantas pelo país – têm problemas concretos que é urgente resolver: bar, reprografia, horários, faltas, salas, reformulação de cursos.

Hoje percebemos, pela declaração da Reitoria, que só a luta traz mudanças. Hoje percebemos que só a luta desperta os poderes para a dimensão dos problemas que existem.

Esta ocupação valeu a pena. Quanto mais não seja, porque hoje toda a gente discutiu os problemas da Faculdade. Essa é uma primeira vitória de uma luta que continua.

Hoje decidimos não ficar calados. A faculdade é nossa. Belas Artes pertence aos estudantes. Hoje dignificámos a nossa instituição e honrámos o seu nome e a sua tradição de inconformismo. Porque já chegava de silêncio e fomos exemplo para muitos estudantes e muitos professores que percebem a gravidade da situação como ficou explícito com as declarações do Professor Paulo Almeida ao Público. Todas as escolas pertencem a todos os estudantes de todo o país. Nós, ocupantes, saudamos toda a solidariedade que recebemos. Representamo-nos a nós, aos que em assembleia decidiram a acção e à injustiça que todos os estudantes sentem. Preocupa-nos que todos os dias as escolas impeçam a entrada a estudantes que não têm condições, na sua maioria monetárias, para entrar na Universidade. Preocupam-nos os estudantes que, por isso, todos os dias ficam barricados do lado de fora do ensino superior.

Dentro da Faculdade tivemos a solidariedade de três estudantes da Faculdade de Letras. Saudamos todos os nossos colegas de todas as Faculdades. Não é só solidariedade. É mais do que isso. É aprender a fazer a luta em conjunto.

Saudamos todas as mensagens de solidariedade que recebemos. É bom saber que há tanta gente connosco. Agradecemos a quem nos escreveu, aos estudantes que nos deixaram mensagens no blog. Da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, da Universidade do Algarve, da Universidade de Coimbra, Rádio Universitária, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, da Universidade de Tessalónica, na Grécia, da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, da Universidade do Minho – Grupo AGIR, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e dos Estudantes Unidos – MEIEU, da Universidade de Barcelona, do ISCTE, da ESAP. Hoje, estiveram todos connosco em Belas Artes do Porto.

O que hoje foi anunciado pela Reitoria é um pequeno remendo para um barco a afundar. Não chega.

É preciso mudar o financiamento, para não termos faculdades sem condições, sem serviços, com horários restritos e sem coisas básicas como bar e reprografia. É preciso mais acção social para assegurar que não há mais estudantes a deixar de estudar por não terem dinheiro. É preciso pôr em causa Bolonha e a sua lógica. É preciso recuperar a democracia e rejeitar a transformação da Universidade em fundação.

Em tantas Faculdades e Universidades do país, sabemos que há estudantes que olharam para nós e sentiram que é possível dar expressão à revolta. A partir de hoje, temos mais confiança.

Para nós, a luta continua. Em Belas Artes e em todos os lugares onde for preciso.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Memórias finais...

Tendo esta acção chegado ao fim, não poderiamos deixar de agradecer a todos e todas que nos apoiaram seja por posts no blog, comida, mails, sms's, presença, e todas as outras.

Esperamos que após a Assembleia que se seguiu à abertura das portas para discutir a situação possa recolher imensos frutos e que os estudantes da FBAUP se unam para reivindicar aquilo que é justo para eles como Faculdade e justo para todos os estudantes do Superior.

Um grande obrigado e, não nos enganemos...
A luta tem de continuar.
Isto não é uma brincadeira. É o nosso futuro.

Fim da ocupação


Abriu-se as portas para se poder discutir com todas as pessoas que se encontravam no exterior.

Neste momento está a decorrer uma Reunião na Aula Magna.

Reunião com um representante dos Professores

Às 12:10 deixou-se entrar excepcionalmente um representante dos professores no sentido de se discutir a acção, e as suas reivindicações.

O professor Paulo Almeida tomou a responsabilidade de falar com os restantes professores para se chegar a um consenso na base das lutas que nos são comuns.

O futuro da ocupação está em discussão.

Momentos (III)


A Comunicação Social já esteve presente. Abriu-se um pouco da porta para conversar com os jornalistas.

A luta continua e a ocupação também!
Pedimos todo o apoio que puderem dar seja de que maneira for.

Esta é a nossa luta. Agora.

Momentos (II)


É bonita a democracia em Portugal.
Uma colega no exterior da FBAUP ao ler um documento escrito pelas pessoas cá dentro foi identificada pela Polícia.

Os visitantes esperados.

9:39 -> A Polícia chegou.

Momentos (I)


A arte é força imanente,
Não se ensina, não se aprende,
Não se compra, não se vende,
Nasce e morre com a gente.

António Aleixo

Afixado na porta da FBAUP

Ocupação






Pelas 4.28 foi votada a ocupação da FBAUP.

Agora, 8:34 o Pavilhão Central foi trancado.

Chega de esperar que a nossa voz seja ouvida.
Exigimos que seja ouvida.

Mentira do dia: Acção Social